sexta-feira, 30 de outubro de 2009

13 de Outubro - Parte IV

Pontualmente, as luzes davam sinal que a apresentação finalmente iria começar. A histeria enorme e empurra-empurra já eram um fato presente. Os músicos entraram um a um, como de costume, e o ser esperado da noite veio de costas, num típico “moonwalker” e coberto por um guarda-chuva preto. Gritos ensurdecedores – literalmente – ressoavam no ar e cobriam o volume dos musicistas. Miyavi virou, encarou a platéia, num início mega teatral e cheio de poses. Nunca ouvi tantos gritos na minha vida haha, e acredito que o fato era por estar na grade e boa parte do público ser feminino. Eu poderia tentar descrever o quão foda foi o show. Poderia dizer que foi mais simples que o anterior, mas com um set list poderoso – e pesado! Talvez a banda de apoio não fosse tão espetacular, mas o myv estava espetacular – bonito, e com uma performance maravilhosa. Fanatismos a parte, me lembrou muito o Gackt. E deu um espetáculo! Ganhou aplausos, berros – e arranhões rs – por merecer.

Houve sim um grande sufoco pra agüentar a falta de bom senso do público – que continuava empurrando – e o calor demasiado, que já era de se esperar. Houve músicas que a pessoa aqui não sabia cantar, mas ficava satisfeita apreciando, ouvindo, admirando. Era uma mistura de “paraíso e inferno” rs! Mas nada valia mais do que ver a menina que amo tão radiante. Em determinado momento, ela soltou mais uma frase que jamais vou esquecer “Estou feliz... os meus dois ídolos estão aqui, juntos comigo”. Foi outra digna de me deixar sem palavras e de só pensar no beijo como forma de gratidão. Parecia até uma heresia ela me chamar de ídolo, me comparar com o myv, mas não era mentira que a Nay se considerava uma fã da Z’ephyruS antes, bem antes de nos imaginarmos lado a lado. Não é mentira que ela foi a primeira a se tachar como “fã nº1”. A única diferença é que, hoje, eu também sou seu fã nº1. Então, se haviam ídolos juntos ali, não eram dois, mas sim três.

Já no encore, tocaram Neo Visualizm – minha música favorita dele – que batiza meu fotolog e meu (outro) blog por ter um significado que me identifico muito. Foi uma coisa apoteótica! E me sinto até pouco a vontade de fazer uma resenha detalhada das músicas pra não cometer erros. Momentos de melodia, emoção, raiva, bate-cabeça, cuspes na platéia, mais emoção, agito, lágrimas, sorrisos... Foi um pouco de tudo isso. Quando o myv se despediu e as luzes se apagaram, a casa começou esvaziar devagar. Nay e eu saímos esgotados, descabelados, mas nitidamente felizes. Meu braço esquerdo e minha perna direita já não estavam mais inteiros rss (na tentativa de evitar o máximo de empurrões pra cima dela), mas a dor era quase anestesiada pela felicidade que tivemos. As ruas e calçadas de Moema se enchiam de parentes em busca de seus filhos coloridos, e nós atravessamos a multidão até sentarmos nos degraus do hotel pra respirar e acalmar o frenesi.

Mari, Cah, Nay, eu... Estávamos todos unidos de volta (menos a Lid que sumiu, ‘comofas?’). Subimos no quarto da Cah pegar nossas bugigangas, esperando no corredor. A Nay me agradeceu por estar com ela naquele dia. Eu a agradeci por ter me dado essa chance. Pra mim era tudo muito real, mas ainda assim parecia uma cena de filme, ou um capítulo de um livro. Pegamos as bolsas e descemos já em clima de despedida, dando tchau a Cah e ao pai dela (que pareceu bem gente boa por sinal). Começava a bater uma nostalgia de leve nos vendo voltar às ruas, com as pessoas se dirigindo aos carros, ônibus, retornando às suas casas. Começava a enxergar todas aquelas últimas horas que já deixavam saudades. Numa despedida inevitável – e que tinha que ser rápida pra Mah e eu tentarmos a sorte com um ônibus – nos olhamos de mãos dadas, nos abraçamos. Ela me deu beijos aleatórios por todo o rosto, transbordando alegria. Eu a beijei como um último sinal de “obrigado”. Sai, mas ainda olhando pra trás, me deu um aperto... Voltei pra beijá-la mais uma vez – “até breve”.

Na espera de um busão alucinaaaaaado, ainda vi minha pequena voltando e dizendo que conseguiu carona com um amigo dela (uma preocupação a menos por saber que chegaria inteira, e um bônus a mais pra quem já estava com saudade =~). Ela partiu. Mari e eu continuávamos às 10 pra meia noite na expectativa que algo nos levasse ao metro – que costuma fechar meia-noite rs. Aqui, basicamente começa outra missão impossível. Já cogitávamos rachar os gastos de um táxi com um casal do nosso lado (sem saber se realmente teríamos grana pra isso haehuehuea). Aí fez-se a luz! Os faróis de um ônibus com o destino necessário. Subimos sem pensar duas vezes, e ainda brinquei com a Mah sobre o que aconteceria se pegássemos um ‘latão’ errado. Brincadeira de mal gosto haha, mas estávamos no caminho certo. A véspera da quarta-feira, nós voltamos freneticamente ao rumo inverso das estações já percorridas – nove estações pra ser exato rs. Com os ponteiros já marcando que o dia virou, tínhamos uma meia hora pra chegarmos até o Cometa sabe-se lá se Deus quisesse!

Foi foda aehuhuaehua! Não há expressão melhor que defina a insanidade de atravessar tudo aquilo rezando pra não dormirmos no terminal final rs. Faltando pouco para o fim do percurso, o metrô pára. MANUDUCÉU! Só podia ser a Lei de Murphy. O bichinho ficou parado uns 5 minutos vitais pra gente. Fudeu, fudeu muito! Mas o nosso santo era forte. Naquele dia, meu santo tava muito forte huahuaha! Tinha dado tudo certo, tão certo, por que o final teria que dar errado? Não, não daria. O vagão recomeçou a andar e suávamos frio pensando no tempo. Estação Tietê novamente, corre pra lá, corre pra cá. Só dá a doida da Mari e o Will correndo naquela calmaria da madrugada. Último Cometa partindo às 00h45 pra Jundiaí. Eram 00h40. Compramos as passagens e o tiozinho “é lá na pqp!” (okei, ele não disse isso, mas subentendam que o ponto era longe haha). E lá vão os dois doidinhos, quase sem fôlego, nos metros finais da maratona. Tenso. Com o local à vista, suspirávamos aliviados. Ainda tinha que preencher aquela merda daquele papelzinho com nome, endereço, cpf... Fizemos um senhor garrancho huaehehuae! E chegamos. Desacreditados, mas chegamos. Merecíamos uma medalha.

Mari e eu éramos só sorrisos. Sorrisos e gargalhadas de êxito. De sustos, de memórias, de vitória. Surreal! Provavelmente todos queriam dormir nos bancos ao redor, mas era difícil não discutir o dia épico. Depois de uma meia hora de viagem, o cansaço pesou e ficamos calminhos rs. Nem acreditava que iria dormir antes de trabalhar aehauehaue! Desembarcamos em Jundiaí, um silêncio digno de uma cidade inteira dormindo. A mãe dela nos buscou e me deixou em casa. E a minha mãe mal acreditou quando me viu na porta antes do amanhecer rs. Não que ela não soubesse, afinal, a twittagem da Mari foi de utilidade pública, e meu irmão (entre outros intrusos) pôde acompanhar o que acontecia e que havíamos sobrevivido. Conversei um bocado com ele também, estava elétrico, sem sono. Tentava assimilar passo a passo o que aconteceu nesse 13 de outubro. Afinal, pra que dormir quando pode-se sonhar acordado?

Ainda no metro, havia recebido o recado da menina de cabelos claros e mechas rosa: “Por favor, me avisa quando chegar, não importa a hora. Obrigada, amei o dia com vocês!”. Em retorno, respondi “Já cheguei e já tomei banho, amor. Você é linda por dentro e por fora! Eu é que agradeço!”.

PS.Parte final amanhã, pessoas ^^

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

13 de Outubro - Parte III

“Como esperei por esse momento”. Foi o que ela me disse quando nos olhamos de novo. E pra alguém como eu – que pode até ser tachado de falar muito rs – fiquei totalmente sem palavras. A única coisa que pensei e quis absurdamente pra retribuir, naquele instante, foi beijá-la novamente. Por mais que nossos corações estivessem pulsantes, por mais que a adrenalina estivesse nos ares, a ternura foi nos acalmando, acalmando... Da minha parte foi algo único, uma das sensações mais doces que já senti, uma das lembranças mais belas que já guardei na vida – se não for a mais bela, pelo conjunto da obra. Pra fechar com chave de ouro, nós nos distanciamos mais uma vez e a Cah disse: “Posso falar agora?” – alguns risos perdidos – “EU SABIA, EU SABIA! Já tinha sonhado com vocês!”.

E era verdade. Uma semana antes, e antes de me conhecer, a Cah contou a Nay (pra nossa total surpresa e espanto) que teve um sonho “estranho”. Que o ingresso que a Nah ganhou na promoção do myv foi dado a um amigo que ela nunca pôde encontrar pessoalmente, um carinha que a Cah definiu como “aquele que você ameaçou de cortar o ***** fora se não aparecesse com freqüência” (percebam as coisas que as pessoas lembram, percebam aehaeahuae). Ainda disse que viu os dois juntos, que tanto a Lid quanto ela presenciaram a cena, e ainda teriam comemorado, incentivado, feito “uhuuuull!” juntas huahuauhaua, entre outros... Entendem porque eu digo que há coincidências e bizarrices demais pra um dia só? xD

Pouco depois, o tal grupo 5 em que a Nay estava chegou. Eu mesmo não entendi direito o que aconteceu, se foram antipáticos com a Mari, se chegaram chegando, foi muito rápido. Provavelmente como reflexo das discussões no dia anterior, acharam que ela estava furando a fila e foram meio diretos, tipo “esse lugar é nosso” (o que não fazia diferença pra alguém que é imprensa, mas, até explicar...). Comigo, não houve problema. Pareceram entender de cara quem eu acompanhava e já estavam cientes que iria chegar. Devo dizer que era pela Nay que eu fazia questão de estar ali, e só, porque veria o miyavi lá da porta se fossem arranjar caso. Nesse ponto dava pra entender o quão a senhorita Janeiro se mostrava inconformada. Ela saiu e foi pra beira da calçada fumar. Tá aí um vício dela que eu queria cortar, mas, diante das circunstâncias, um cigarrinho pareceu viável pra guria dar uma relaxada rs...

Um tempinho considerável depois e uns fãs do myv – vulgo “exército otaku” – começaram agitar pra que a fila se endireitasse. Foi digno de rir e chorar, porque não dava pra acreditar no caos que faziam pra manter tudo aquilo em “ordem” rs. Tirando uma discussãozinha ou outra e uma nova implicância com a coitada da Mah aehehahuae, passei a ignorar os gritos e mini-tumultos aleatórios. Fiquei ali apreciando a pessoa que estava comigo, e ela merecia depois de toda insistência e esforço pra que desse certo. Posso dizer que a química com a Nay só foi crescendo conforme a noite ia caindo, entre longos abraços, beijos suaves e silêncios adoráveis. Nunca gostei tanto de ficar em silêncio com alguém. E juro ter pensado mais de uma vez que o mundo podia acabar pra eternizar o que estávamos vivendo.

Um fato engraçado: Por volta dessas horas, o celular da Nay tocou. Era a mãe dela. Não percebi logo de cara, mas uns minutos depois... “Aiii mãe, você tá falando sério? Você vai me matar de vergonha!... Aiii meu Deus, tá!”. A Nah me estendeu o braço e continuou “Ela quer falar com você rs!”. Fiquei com cara de coxinha eahueahea, achando inesperado, engraçado, e até bacana vai haha. Atendi. “Oiii! Então é você que tá aí com a minha filha, né? Vê se não vai abusar da menina só porque tá sozinha e perdida na fila!” – ela falava rindo, e eu ria junto rs – “Como você é? Você é japonês também? É italiano? É grunge, gótico, ou tem o ‘estilinho’ dela?”. Consegui dar a primeira resposta sem rir “Bom, não sei, melhor você mesmo dizer quando me ver!”. “Uhuum, então você é normal?” – ela replicou. E respondi de novo “Acho que normal é uma palavra muito forte, não é rs?”. “Ahhhhhh, então tá ótimo! Porque na minha família não tem ninguém normal também!” (HUAHUAHUAHUAUA! xD).

Ouvindo a simpatia dela, trocamos mais algumas palavras e a promessa de nos conhecermos pessoalmente. A Nay ainda lá, toda tímida com a situação rs, mas honestamente o papo foi super saudável – gostei. Rindo à toa e sentados num degrau, lembramos de tirar umas fotos pra registrar a ocasião especial, e é, nós até tentamos haha! Logo a Mari se aproximou e fez a gentileza de fazer o serviço direito pra gente... “Olha como sou uma vela legal! Além de companhia, eu ainda tiro foto, CHOQUEI!” (Mah, o que seria do nosso humor sem você, ehm? EHAhueAhuea). O tempo passava, a espera pelo show crescia, e resolvemos guardar nossas bolsas e bugigangas no hotel com a Cah. Voltamos, esperamos mais um pouco, mais uma vez envolvido no meu romantismo particular com a Nay, e nas caras e bocas que a Mari fazia sobre o Hick. É, o Hick não chegava, não chegava... E o nosso ingresso dependia dele (ou não).

Por sorte e com um certo atraso, uma listagem com os nomes de sorteados da Rádio Blast “brotou” na bilheteria. Isso resolvia parte do problema, Mah e eu já poderíamos entrar na casa. Porém, ela estava lá pra tirar fotos, estava cheia de equipamentos, e só de olho nos seguranças que pareciam decididos a sumir com qualquer bagulho parecido com uma câmera ou uma pilha (artistas e gravadoras japonesas costumam proibir fotos tiradas pelo público, faz parte do contrato burocrático deles). Aflita, a Mari resmungava a possibilidade de ir embora se a barrassem, já que o Hick não chegava pra garantir sua entrada. Mas ele chegou! Chegou UM MINUTO depois que os portões abriram, às 19h31, e apareceu do nosso lado tão surpreendentemente quanto o seu paradeiro até então. “Pessoal, desculpa a demora, mesmo! Mas a gente conversa depois!” – ele disse, sem lembrar que pouco provavelmente haveria um depois rs. O Luigi da jrock~vk e o Leandro, staff da Yamato/baixista da M’ai, foram outros que teleportaram do nosso lado e evaporaram igualmente.

Portões abertos, fila andando, e todo mundo muito ALUCINADO pra festa começar! Passei pela revista, esperei a Nay passar, demos as mãos e saímos correndo em direção a grade (ignorando geral o segurança no corredor “eiii, não corram!”). Acabamos na segunda fileira próxima ao palco, bem no centro. Minha visão era ótima, a Nay sofria por ser menor rs, mas parecia satisfeita. Em seguida, vi a Mari correeeeeeendo pro chiqueirinho dos fotógrafos, dentes cerrados, mãos em forma de “METÁAAL!” e uma expressão de extrema satisfação no rosto por ter sido a primeira imprensa a entrar no ambiente – ainda mais depois da apreensão e sufoco passada. Até um cara do “quartel otaku” pediu desculpas vendo-a na frente de todos e fora da muvuca rs. Os fãs foram entrando, o local foi enchendo, mais fotógrafos se juntaram a Mah e uma última espera de duas horas seria necessária. 9h30 da noite, 9h30 da noite...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

13 de Outubro - Parte II

Nem mesmo mil linhas vão ser capazes de descrever o que aconteceu, mas, acho que vale a tentativa... =~

Emprestando um pouco da visão delas, enquanto estavam no meio do grupo que esperava o miyavi chegar, a Lid – fundamental naquele instante – teria me visto surgir ao longe. “Nay, o Will tá chegando, vem!”. E a Nay travou. Caminhando sozinha, a Lid teria voltado pra puxar a dona Nayara: “Vem logo, ele tá vindo, vem!”. Pensando na situação, eu fico me perguntando o quanto a vida é engraçada. O quanto uma sutil amizade que fiz no show passado – mas que sempre me passou uma empatia enorme em poucas conversas – estaria ali, influenciando pra que a “hora h” fosse ocorrer daquele jeito (e Lih, eu tenho que te dizer, você foi um anjo! Mesmo sem saber, você foi!). Do outro lado, a Mari e eu entrávamos no mesmo corredor, próximo a entrada da casa, próximo as pessoas sentadas nas laterais, e próximo a gritaria e aos seres coloridos.

Foi um encontro recíproco que parecia combinado. As duas vieram na nossa direção enquanto nós dois íamos na direção delas. E eu vi a menina mais linda do mundo me olhando com uma mistura de timidez e descrença de que aquilo fosse real. Acredito que senti o mesmo. Veio um “oi” que misturava esses sentimentos junto de um suave abraço. E a primeira coisa que disse, lembro perfeitamente, foi “Ainda acha que é um sonho?” e ela rindo de leve respondeu “Eu acho!”. As primeiras palavras aos poucos foram nos acordando pra realidade, foram nos despertando devagar – e tanto a Mari quando a Lid já haviam cumprimentado e saído meio de fininho rs. As mãos, aos poucos se apertando, também ajudaram. E a conversa começava a fluir progressivamente.

A Nay então me contou o que aconteceu na noite anterior, quando disse que já não estava mais bem. Um estresse complexo girou em torno de desentendimentos entre os grupos da fila e suas respectivas ordens, envolvendo ainda os membros do fã clube, e da comunidade orkuteira, entre outros. Me contou inclusive a atitude covarde de um japonês bastardo pra cima dela, julgando-a numa hora que estava sozinha, num momento de puro azar e insultos gratuitos. Foi exatamente antes de me mandar aquele recado preocupante. E tenho que ser sincero, vi em seguida o dito cujo a poucos metros e o encarei com muita raiva até ele baixar os olhos. Mas, sabia que o problema já tinha amenizado – ela me frisava isso – e era algo irrelevante agora que estávamos juntos. Pra que estragar se podíamos compensar, né?

Assim, focamos nas coisas boas. O Ricardo – um colega meu que ia ao show – surgiu do nada e me abraçou aehehuea! Levou com ele emprestado o violão que eu trouxe (pra fazer charme às menininhas, acho). E a Cah, lá dos confins de Aracajú, surgiu. Era uma amiga da Nay que conheci poucos dias antes pela net, e que veio saltitante me ver assim como prometido haha, um amor! Ela é outra menina com uma importância além do normal para o dia, contarei mais adiante. Nesse troca-troca de pessoas, a Mari voltou a interagir com a gente e papeamos até meu violão voltar rs. Daí, ao lado da incansável espera por um miyavi que nunca chegava e de alguns surtos coletivos, vai e voltas, conversas paralelas, etc, decidimos ir almoçar – digo, comer alguma coisa. Mari, Nay e e eu fomos então.

Pela primeira vez contemplei a fila básica e as diversas barracas acampadas num... acampamento? Juro, a lateral do Citibank com aqueles jardins ralos, árvores e terra, além da multidão, parecia muito um acampamento haha! A essa altura, talvez umas 2 da tarde, Nay e eu já parecíamos um casal normal – e muito legal, claro huaehuaehua! A Mari disparava comentários ácidos, irônicos e engraçados sobre os “otakus” presentes, seres que ela abomina, talvez por conta da irmã que ela “adora” rs. Falava sobre as roupas, sobre os cabelos, sobre a histeria alheia, sobre tudo! Menos sobre a Nay, ela era nossa protegida. Digo “nossa” porque, contrariando todas as leis da física, essas duas mulheres da minha vida chegaram num nível de amizade épico em tempo recorde! Ok, sei que tagarelaram bastante pelo MSN, mas mesmo assim, foi um laço inesperado gerado em pouquíssimos dias. Um ótimo laço!

Nosso almoço se resumiu a alguns salgados básicos de um bar da esquina. Creio que a ansiedade, espera e tudo mais mataram parte da fome. Conversamos, passeamos, aproveitamos calmamente aquelas horas. Ainda estava claro, entardecendo, quando nós três, além da Lid, Cah e mais uma menina, resolvemos sentar um pouco no local acampado pela Nah lá na fila, pra poder usar o violão e não deixá-lo só de “enfeite” rs. Não tinha muitas músicas japonesas em mente, mas, pra quebrar o gelo, resolvi tocar “Tudo Que Vai” do Capital Inicial – uma canção que sempre gostei e todos costumam saber de cor. Terminado, passei a vez pra Cah que ficou de mandar “Señor, Señora e Señorita” pra gente. De fato, não rolou huaehuea! xD Ela esqueceu os acordes e devia estar um pouco nervosa... Mas serviu pra dar uma descontraída.

"_ Agora você toca uma sua...
_ Tá... Qual você quer ouvir?
_ Ahhh, qual você acha?"


Se existe um momento marcante que sintetizou o dia 13 de outubro, com certeza absoluta foi esse. Aquele diálogo ressoava como um dejavu surreal, algo que parecia traduzir magicalmente meu sonho anterior (vide o post de agosto - "Garden"). Aquelas palavras, naquele lugar, com aquela música... Deus do Céu! Eu tocava Frozen Times. E tentava não me dispersar pra conseguir chegar até o fim, mas não pude deixar de olhá-la em alguns segundos. E ela observava com o olhar mais doce da face da Terra... Parecia que realmente tudo que precisávamos dizer um ao outro era dito naqueles versos, naquela melodia e que mais nada importava. Ela não chorou - talvez porque eu pedi, né rs? - mas as lágrimas de emoção estavam ali. Eu vi seus olhos brilharem de um jeito que nunca havia visto na minha vida. Quando a música acabou, diante de um sonho que virou realidade, eu me encontrava completamente perplexo, extasiado. Enxergava a pessoa que mais amei, ali, na minha frente.

E o carinho mútuo era notável,
E nos encontramos no primeiro beijo...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

13 de Outubro - Parte I

As emoções do dia 12 e 13 se misturam. Tudo que ocorreu nesse prazo de 48 horas parecia uma coisa só, principalmente com o feriado que emendava os dois dias. Na tarde da segunda, a Nay já iria pra fila e, depois de algumas conversas, achamos melhor eu aparecer apenas na terça (pra descansar direito e ficar inteiro *insônia oi*). Com a chuva típica de São Paulo, começamos a trocar mensagens pra nos mantermos informados. Descobri que ela tomou uma lavada logo que chegou. E que, em seguida, foi acolhida por uma menina – que só descobri ser a Bayu (?) BEM depois – e se enxugou até ficar “meio úmida” rs. Dali pra frente, só alegria! Pelo menos até poucos minutos pra meia noite...

Minha primeira mensagem ao virar da noite foi de consolo. Algo aconteceu na fila e o último sms da Nay me deixou preocupado. Dizendo que me explicava no dia seguinte, resolvi não cutucar pra saber e apenas ressaltei as poucas horas que faltavam... Esperamos tanto, tanto! Não era hora pra desanimar. Tentei dormir, juro que tentei, de todas as formas e lados possíveis. Mas quem disse que dava? Os pensamentos bons vinham, alguns ruins também, perguntando “será que está tudo bem por lá?”. A ansiedade e nervosismo cresciam assustadoramente, e não pregar os olhos piorava, porque só me fazia pensar “fiquei aqui pra dormir bem, como vou estar amanhã se não dormir?”. Eram por volta de 4h00 am quando escrevi dois recados. A Nay respondeu rápido, e até me acalmou. A Mari, obviamente, nem acordou aehaeuaehuahe!

Amanheceu...

Meu pai tinha uma consulta médica pela manhã e se dispôs a me levar na Mari às 8h30. Minha idéia inicial era pegarmos o ônibus nesse horário, mas, sentindo que precisava de uma horinha a mais na cama, concordei em esperar por ele. Confesso, foi meio inútil pra descansar, eu já estava muito elétrico rs... Por outro lado, foi bom porque acabei arrumando com mais calma minhas coisas antes de partir – e tinha de tudo, menos comida *besta*. Respirei fundo uma meia dúzia de vezes, olhava pro espelho – sozinho em casa – como quem se auto-pergunta, afirmando “Vai dar certo, né? Vai dar tudo certo!”. Ouvindo a chave na porta de alguém que voltava pontualmente do médico, peguei minha bolsa – além do violão que me pediram – e a carona rumo a Mari’s House.

Apertei a campainha e a Mah apareceu com o telefone na mão – estava me ligando ao mesmo tempo em que cheguei rs. Já sabia que eu ia atrasar um pouco, então, foi realmente uma coincidência. Entrei e ela no PC dando início ao que seria uma verdadeira “cobertura miyavizística via twitter”. Dei oi pra Marina – irmã – que estava vendo algo na TV e pra mãe dela, que terminava de arrumar a casa pra nos levar ao terminal. Como a Mari já tinha se arrumado, só restava a mim dar uma produzida no cabelo. Algo que posteriormente seria batizado, erroneamente ou não, de “Harry Potter do laquê flamejante” (é isso que dá você tentar se arrumar sozinho eahuaehuae, mas ok, HP é um personagem que eu até gosto haha!).

Após andar mil vezes pela sala e cozinha, saímos meio atrasados dentro do nosso cronograma. Já estava imaginando que teríamos uma longa espera pelo próximo Cometa, mas, por sorte, um ônibus partiria em 10 minutos. Isso resultou em algo em torno das 10 horas – e, nota, começava a saga do “corre-corre” meu e da Mah! Um pouco aliviados e já em direção a São Paulo, me aconcheguei na poltrona em busca de alguma tranqüilidade, talvez um cochilo básico pra estar mais vivo quando chegássemos... E o sossego funcionou durante um tempo. Pelo menos até notarmos o “pequeno” congestionamento a vista, típico da capital, e o zigue zague monstruoso que o motorista fez pra “contornar” o problema. A Mari já estava até tendo alguns surtinhos e conformada que chegaríamos pra almoçar, praticamente uhaeeuae...

Chegamos então ao Terminal Tietê. Compramos as passagens o mais rápido possível, a Mah – de tabela – comprou um pacotão de 200 sms’s pra “twittagem”. Continuamos a correria para o metrô, rumo a Estação Santa Cruz (por que não inventaram esse tipo de coisa pro interior também, ehm?). Cada vez mais próximos ao destino final da maratona alucinaaaaada, achamos um ônibus que nos levava à Moema e pronto. Ufa! Agora era só esperar. Enquanto pontos e mais pontos passavam, o cobrador – que parecia antipático quando perguntamos “o senhor pode nos avisar quando estivermos próximos ao Citibank Hall?” – começou a puxar papo, do nada, era outra pessoa: “É show do quê que vai ter lá?... Sério? Rock japonês? Eu tenho um CD, mas nunca ouvi direito... Tem uma fila imensa por lá, gente dormindo há dias!... O Citibank é no próximo ponto. Tenham um bom show!”. Que coisa, não? xD

Descemos. Uns dois quarteirões nos separavam da “fila imensa” citada antes. A Mari procurava algum bar/lanchonete com um banheiro pra se arrumar, e fui na onda dela lavar o rosto. Uns minutos depois e estávamos prontos para, finalmente, concluir a primeira parte dessa história. Minha boca secou. Meu coração alternava entre a sensação de calmaria – ou de anestesia rs – e pulsações extremamente fortes. A Mari me perguntou se eu estava bem, e eu afirmava que sim, com sorrisos levemente nervosos. Avistamos os primeiros seres a distância que pareciam um grupo de fãs – por seus trajes coloridos, exóticos, e também pela gritaria away rs...

Me perguntei se ela estaria entre eles. E na esquina que nos levava a multidão, eu parei e pedi pra Mari parar junto. Bebi um pouco de água, respirei fundo pela última vez... Eu sabia que ela estava ali. Não enxerguei, mas tinha certeza! Depois da minha melhor amiga me encarar como se soubesse o que eu sentia, afirmei convicto... “É agora. Vamos!”.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A Contagem Regressiva

O primeiro show do miyavi em 2008 foi ótimo e me tornou fã da “lombriga hiperativa”. Talvez não tão fã quanto o pessoal que fundou o seu FC, mas pra quem não botava fé, eu realmente passei a admirá-lo bastante. É engraçado pensar que a pessoa que eu mais queria ter visto naquele dia, eu não consegui. Mas encontrei duas meninas que iriam conhecê-la também: A Lid e a Ton. Junto com elas e outras, a Nay ajudou um fã-clube a sair do papel e o myv, de certa forma, foi realmente o centro das atenções – inclusive por todos nós termos nos reunido em torno das coisas dele.

Com o sucesso das apresentações no Bunkyo, 2009 já estava na rota do artista desde o começo do ano. Depois de muitos boatos, dúvidas sobre uma provável apresentação na Anime Friends e tudo mais, marcaram a nova data: Dia 13 de outubro – uma terça-feira pós-feriado – às 21h00. Qualquer pessoa meio sensata deve perceber que um evento assim, no meio da semana, nesse horário, é coisa de doido! Muita gente viria de fora, eu, se fosse, viria de fora, e trabalharia no dia seguinte. Fora que teria que matar a faculdade em pleno TCC e torcer pra que o transporte de Sampa não parasse por completo após o fim do show, antes de voltar. Fala sério, era um caso perdido!

Mas, uma pessoinha me fez acreditar que era possível. Depois do jejum pra conquista do próprio ingresso (espero que sua irmã saiba disso rs) e de várias menções pra que eu cogitasse ir ao myv, a Nay teve uma idéia interessante. Sabendo que o meu dinheiro estava contado e não ajudava na tentativa de loucura, ela nos sugeriu tentar ganhar uma promoção. A idéia me acendeu uma luz que eu ainda não havia enxergado, e topei. Tínhamos a Rádio Blast, especificadamente, sorteando uma dezena de ingressos para o dia. A Nah estava confiante de que um poderia ser nosso, então, entramos na onda e ficamos lá, de olho no twitter – principal veículo dos sorteios – no qual ela criou uma conta com o principal intuito de conquistar o prêmio.

Sem nada concreto, mas sentindo-me positivista, cheguei pra minha chefe no meio da semana e disse “Sil, eu tenho prova hoje e sexta (estagiários saem meio período antes), mas não queria sair... precisava de uma folga na terça que vem”. Achava que tinha o direito, que meu serviço estava em dia, mas... “Nossa, você quer ficar quatro dias em casa, mocinho?” – ela disse meio irônica – “Temos evento na quarta, ia precisar de você”. Continuei “Ahhh, mas pensa com carinho, é por uma causa nobre rs”... ela “Ok, vou conferir minha agenda”. Já estava desacreditado e sem graça de voltar lá pra perguntar, aí, no finzinho da tarde, depois de resolver dois B.O.s quase impossíveis, ela sorriu pra mim e falou “Você tá liberado, já falei até com a Selma. Aproveite bem!”. Mano, quase morri! Primeiro obstáculo estava vencido.

E chegamos no final de semana, dia 04 de outubro – domingo. Estava na casa do Spider, após um corujão e gravando testes pra Frozen Times. A Nay, online, atrasada pra sua saída à Liberdade pra divulgar o show com as meninas do FC. Havia começado um programa na Blast, do DJ “Tchúlio” hehe – e dois ingressos seriam sorteados em instantes. Ela estava lá, em sua casa, atenta pra responder rápido as perguntas que fariam. E eu só conseguia escutar a rádio porque estavam todos querendo gravar os testes e lálálá rss... Fiquei ansioso e, de vez em quando, o Spider parava tudo pra gente ouvir. Do nada, percebemos que um dos ingressos já devia ter um ganhador... “Quem era o locutor do aquecimento miyavi no ano passado?”.

Gelei. A resposta da Nay apareceu ali no twitter, e antes da pergunta rs... “Era o Hick!”. Provavelmente ela ouviu o Tchúlio e já respondeu antes de frisarem. Paramos tudo. Meu Deus, ela tinha ganhado?! Ou não? Pouco depois eles anunciaram o nome, o nome de outra garota... Fiquei triste. Fiquei especialmente triste imaginando a tristeza dela, e tinha razão. Recebi um recado de alguém que parecia arrasada, que me pedia perdão por algo que nem tinha culpa. Ela saiu de casa. Fiquei ali, com o celular na mão, pensando numa resposta pra consolar, enquanto o Spider tentava ganhar o próximo ingresso... E aí veio a errata. A outra menina não havia ganho, fora um engano. Desacreditamos no primeiro segundo, mas já tinha minha resposta consoladora: “você ganhou, amor, sério... VOCÊ GANHOU!”.

Diante da felicidade incontrolável, diante de tantas conversas, a Nay tomou uma decisão que me dava um leve receio, mas, naquela altura, já não era uma decisão solitária. Se existe algo que me orgulho de como nos relacionamos, é da nossa total transparência e apoio mútuo, sempre pensando em nós e também nos outros. Nem todas as escolhas que fazemos são fáceis, mas é atrás das conquistas que estávamos – e é óbvio que isso valia muito a pena. Do ponto de vista ético, acho que foi uma das atitudes mais sensatas e quase nobres de agir que já vi, da maneira que ela pensou e fez. Sempre estive do lado, claro. Mas foi muito corajosa e digna da sua parte, de verdade. Agora, realmente, estávamos livres pra começar.

Faltando uma semana para o show, a ansiedade crescia e idéias paralelas pipocavam. Em razão do dia, poucos conhecidos iriam arriscar a ida à Sampa, sobrando apenas alguns fãs aleatórios e pessoas indecisas. Não era necessária uma companhia porque já havia uma me esperando, mas, achava que seria bom ter mais alguém. E a Mari era a pessoa pra esse papel. Como minha melhor amizade pseudo-gay hehe, ela estava por dentro da história, e apoiava. De quebra, como fotógrafa, ela já havia coberto o myv em 2008. Por que não poderia fazer o mesmo de novo? Ofereci os serviços dela ao novamente santo Tio Hick – dono da Blast – e tirando o detalhe que a proposta foi feita aos 45 minutos do segundo tempo aeheahuae, eu acreditava que daria. E deu!

Chegamos ao final de semana de véspera com um saldo super positivo: A folga no trabalho para o dia exato, os ingressos de promoção/imprensa conquistados, e também a permissão de faltar da faculdade – graças ao meu grupo mais foda. Além dos meus pais, que ficaram sabendo e deram um “ok”. Tinha como ficar melhor?

Tinha, acredite!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Prelúdio

Faz uma semana. Exatamente uma semana que o inacreditável aconteceu. Mas, antes de tudo, acredito que seja importante voltar no tempo pra entender o porquê o tal dia treze de outubro de 2009 foi tão, tão marcante.

Estávamos próximos do mês de maio de 2008. Época que antecedia os preparativos para o primeiro show do miyavi – um dos maiores músicos da nova geração japonesa – em solo brasileiro. A conquista era muito notável para nós, fãs de jrock, e era comemorada tanto por admiradores do artista quanto por pessoas que não ligavam tanto pra ele, como eu. Então, a idéia de prestigiar a apresentação pra dar força ao movimento foi crescendo e acabei adquirindo meu ingresso bem rápido pra não ficar de fora rs...

Paralelo a isso, eu sempre acreditei que entrosamento é a chave pra que você não se sinta um “peixe fora d’água”, e aí, resolvi passar (durante a madrugada do dia 17 de maio, um sábado) pela maior comunidade do myv no orkut pra fazer algumas amizades. Lá, no chat, vulgo flood, era provável que eu conhecesse pessoas que iriam no show. Três delas estavam onlines naquela instante e acabei entrando num papo bacana com elas sobre... livros auheuahuaea?! A Bayu, que eu sempre via perdida em outras comunidades, era uma. Um carinha com avatar do Asagi era outro no nosso papo épico matinal. E por fim, a terceira notável participante: era a Naya.

Passado o dia do chat, acordei e fui ver meus scraps. Lá estava ela. Achei-a linda desde a primeira vez, mas notei que morava em outra cidade, namorava, enfim... Estava me perguntando se eu havia guardado os nomes dos livros que sugerimos entre nós, porque o – infeliz – dono da comunidade havia apagado sem querer o tópico inteiro rs. Apesar de, hoje, eu ter ainda mais belos motivos pra não gostar dele, não dá pra negar que acabou nos ajudando sem querer com esse “erro besta”.

A partir dali, a Nay e eu começamos de fato o que seria uma curiosa relação à distância de provocações, risadas, e carinho. As conversas ocasionais sempre duravam horas! Pareciam compensar todos os meus sumiços – e todas as cobranças dela em relação a isso rs. Nossa proximidade foi crescendo, nossa confiança também. Devido aos gostos em comum, ela passou a ser minha “confidente”, especialmente aos assuntos da banda. Tudo que o pessoal daqui sabia, e não sabia, a Nay sabia. Se isso parece o bastante, acho que passa a ser mais digno quando digo que o que faço com a música é algo puramente auto-reflexivo, sejam nas letras, sejam nos conceitos. Em outras palavras, ela foi me conhecendo melhor do que ninguém.

Ao caminhar dos últimos meses, ela mudou-se para São Paulo – ainda outra cidade, mas a cidade de acesso mais fácil pra qual todos vem e vão. Seu pai curiosamente passou a visitar Jundiaí também, e os detalhes foram me deixando cada vez mais intrigados. Entre os nomes das últimas meninas que apareceram na minha vida, e, talvez, até os nomes dos animais de estimação da família dela auheuaehua, as coincidências pareciam constantes demais. As “transmissões de pensamento” deixaram de ser surpresa e tornaram-se quase uma rotina. E os estranhos sonhos que tive, até os sonhos dos outros com a gente... Como alguém explica tudo isso?

Acho que chegamos num limite que só precisávamos acreditar pra que tudo acontecesse de verdade...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A Casa do Lago

Sempre fui cinéfilo. Talvez não no sentido típico de quem assista a muitos filmes, mas de quem aprecia todo tipo filme. Isso inclui comédias românticas – que marmanjos em geral torcem o nariz (ou assistem escondidos rs), mas que eu particularmente não vejo nenhum problema em admitir. São descontraídos, divertidos, alguns tem mensagens bem legais, não é? Reflexivas... São mais lights que romances-não-cômicos. Esse último tipo também é válido, mas são filmes mais complicados de ver, talvez porque sejam mais densos ou exijam “menos sono” haha... Mas, vez ou outra me deparo com algum título interessante. E aí chegamos em “A Casa do Lago”.

A capa é bem atrativa – Sandra Bullock e Keanu Reeves como protagonistas (belo casal, não?) – e o enredo é, no mínimo, curioso. Duas pessoas que começam a trocar mensagens, aparentemente do nada, até que se apaixonam uma pela outra. A ironia de estarem separados pelo tempo é um charme a parte, porém, parece ser apenas uma metáfora pra uma idéia maior: A de que, mesmo em lugares diferentes, eles estão juntos. Como se o sentimento anulasse o tempo, e como se o tempo os testasse ou apenas direcionasse pra que tudo ocorresse no momento certo. E qual é o momento certo?

A pergunta pode não ter resposta, mas a situação é questionável. Ela estava comprometida. E ele apenas buscava, sem êxito, um compromisso qualquer. Talvez não fosse a hora, mas e se fosse? Então, eles se conhecem de maneira inevitável. Se aproximam. Ele espera, até ter uma chance de poder ir ao mesmo lugar que ela, ao mesmo tempo que ela. Mas aí, mesmo assim, não pôde vê-la. Teve que esperar mais. Teve que ser paciente ao ponto de deixar novamente o tempo passar e rezar pra que dessa vez, numa segunda oportunidade, tudo se encaixasse. E isso parece o mesmo que pedir pra que um raio caia duas vezes no mesmo lugar. E caiu.

Às vezes, nessas vezes, o destino parece existir e ser bem brincalhão. Ou atrapalhado, ou desleixado. Ou qualquer outra coisa que não o glorifique, mas o coloque na parede e indague "por que tem que ser assim?". E o mesmo tic-tac cruel do relógio parece se transformar em morfina. Anestesia tudo, resolve tudo, cura tudo. E o que parecia impossível torna-se paupável, real. Às vezes, tudo se ajeita como se tivesse que simplesmente ser assim, acontecer assim. Às vezes, parece que quando duas almas se cruzam, de alguma forma, possuem um poder inimaginável... Uma vontade capaz até de mudar o mundo.

E a Frozen Times, tal como num romance e diferente de todas as outras, nasceu dessa vontade de encontrar alguém, que ainda não existia. Um alguém que, acredito, agora eu encontrei.